As empresas vêm utilizando recursos tecnológicos para a gestão há muito mais tempo do que o Poder Públi­co, que por inúmeros motivos, não se interessava em mo­dernizar a administração das cidades, dos estados e até do País. Hoje, a área de tecnologia tem a aptidão de atrair e reter milhares de profissionais criativos que idealizam alternativas para solucionar os problemas enfrentados pelas companhias privadas, portanto, já passou a hora dos ges­tores públicos recorrerem às soluções em conhecimento existentes no mercado em benefício da população.

Diante desta realidade, precisamos considerar os novos modelos de comunicação e de geração de infor­mações adotados em todo mundo que geram rapidez na captação e propagação de opiniões e notícias, e a facili­dade de qualquer pessoa ser um agente informativo. As­sim, criar métodos que separem as boas e más ideias é fundamental para se estabelecer um canal de comunica­ção direto entre cidadãos e o Poder Público. Os governos devem utilizar as novas ferramentas tecnológicas e a comunicação como parte da estratégia de difundir a qualidade, a transparência e a eficiência da administração pública na realização de suas obrigações, sobretudo, na entrega de serviços públicos de qualidade que primem pela racio­nalização dos recursos.

Seja na Saúde, Educação, Segurança, Cultura ou manutenção e melhorias das cidades, a gestão pública tem um obstáculo comum a ser superado: fornecer elementos que a integrem com a população. É necessário que os governantes conheçam o perfil intelectual e so­cioeconômico de seus cidadãos para que eles possam acompanhar a evolução dos serviços e saber como in­fluenciar para aprimorá-los.

Aliado a isso, o gestor precisa criar métodos para se adequar às atividades de todos os segmentos que mo­vimentam a economia do município, levando em conta as características sociais e econômicas de cada região. Somente considerando estes dois cenários em parale­lo o gestor público consegue planejar suas ações, fis­calizar, coordenar as tarefas diárias e racionalizar os recursos disponíveis para oferecer serviços públicos eficientes e de qualidade. Assim, o “cliente” cidadão fi­cará satisfeito com a administração que é feita na cida­de onde vive, pois a mesma atende suas expectativas e desperta bons sentimentos.

Já citamos que a tecnologia mudou o modo de vida da sociedade, inclusive, o jeito de governar bairros, cida­des, estados e países, mas ela também pode auxiliar os gestores a saberem quais são esses desejos que habitam a alma e a mente dos cidadãos e, ainda, como alcançá-los. Desta forma, podemos concluir que o uso de soluções em conhecimento já é, e pode ser ainda mais, um artifício para o gestor público ofertar mais e melhores serviços, além de novos canais para fortalecer a cidadania.

Seguindo esta linha, o filósofo polonês Adam Schaff, em sua obra ‘A sociedade informática’, diz que o progres­so da tecnologia e seu uso pela administração pública tor­narão viável uma verdadeira democracia, descentralizando o poder e aumentando a responsabilização e a liberdade individual no dia a dia. É a chamada tecnodemocracia, e dentro deste conceito, as transformações que aconteciam em décadas, hoje acontecem em dias, pois os núcleos decisórios se movem rapidamente, resultado da conver­gência de tecnologias que permite maior velocidade em se ter dados, informações e decisões.

No exterior, vemos exemplos claros de como a tec­nologia trouxe melhorias à sociedade. Em Barcelona, por exemplo, há lixeiras inteligentes que indicam a melhor hora para o caminhão recolher o lixo. Em Dublin, capital da Ir­landa, um sistema preciso indica ao cidadão quanto tem­po o ônibus vai demorar para chegar àquela parada.

Saindo de exemplos europeus, destaco Buenos Ai­res, que a partir de 2011, diante de um alto índice de cri­minalidade, modernizou a polícia e seus protocolos opera­cionais, assim como os sistemas de cadastros, redes de comunicação de voz e dados. Sensores e câmeras foram implantados, e a prefeitura adquiriu veículos conectados e treinou os policiais para uso dos novos dispositivos. O resultado foi a diminuição da criminalidade devido a me­lhor resposta da polícia aos chamados, uma melhor distribuição de agentes e viaturas, e a integração de todos os sistemas públicos e de emergência. Mais do que reduzir os crimes, a modernização mudou a percepção de segu­rança por parte da população.

Poderia citar ainda o caso de Nova Iorque, também em relação à segurança; de Bristol, na Inglaterra, sobre a iluminação pública; ou Santander, na Espanha, e seus sensores para organizar o tráfego urbano.

Fato é que agora é a hora dos gestores públicos in­vestirem em soluções em conhecimento na busca de efi­ciência nos processos, qualidade dos serviços oferecidos, racionalização de recursos e transparência na adminis­tração, pois o tamanho da carência que os cidadãos têm pela ausência do Poder Público é proporcional a quantida­de de informações geradas diariamente que podem tor­nar a população insatisfeita e contrária a um mandato na gestão pública.